quarta-feira, 15 de julho de 2020

A pandemia de poucos leitores




A pandemia de poucos leitores
Carlos Cartaxo
Pandemias são ventos que sopram e levam notícias indesejáveis. Desde que me fiz e me assumi como escritor luto contra a pandemia dos poucos leitores. A falta de leitura é uma avalanche que leva consigo, ladeira à baixo, parte da evolução humana. É a doença que dissemina a ignorância. Esse é um virus devastador, afeta a família, o trabalho, as relações sociais e até a política, seguimento que define nossas vidas.
Eu tenho alguns livros escritos, dentre eles, o romance "A família Canuto e a luta camponesa na Amazônia" que merece destaque pelas crítcas que tem recebido e por ter sido agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura, Mas ele foi atingido pelo contágio da pandemia de poucos leitores. A grande maioria das pessoas, ditas de esquerdas e também as de direita, não leram esse romance/reportagem. Nesse momento em que há um ataque do governo Bolsonaro estimulando a grilagem nas terras indígenas e nas terras pertencentes a União, concomitante com o desmatamento da amazônia, A família canuto é um  remédio, digamos uma vacina, contra essa pandemia da ignorância.
Como professor, vivo o dilema de trabalhar com pessoas que não leem ou leem muito pouco. Esse comportamento tem afetado meu rendimento profissional porque me deparo com o fenômeno do pouco aprofundamento teórico na formação acadêmica. Em vários momentos me vejo diante do imbróglio de preparar bachareis com formação global e humanizada ou formar técnicos que apenas são operacionais, sem  a capacidade de refletir sobre o contexto do seu trabalho. Nesse sentido, tenho que lutar contra a pandemia de poucos leitores, e, como consequência, volto a publicar a crítica de Domngos Meirelles sobre A família Canuto porque ela reforça que o livro é atualíssimo e precisa sair das prateleiras para ocupar seu devido lugar nos braços do(a)s leitore(a)s. 
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Crítica de Domingos Meirelles sobre o romance A FAMÍLIA CANUTO de Carlos Cartaxo


Anatomia da resistência no latifúndio amazônico

Domingos Meirelles*

Ao resgatar a tragédia que se abateu sobre o clã dos Canuto no Sul do Pará, Carlos Cartaxo produziu um relato comovente de uma das páginas mais sórdidas da vergonhosa história do latifúndio na região amazônica: o confronto desigual e perverso entre os grandes fazendeiros e os trabalhadores rurais que lutam para sobreviver, num ambiente desapiedado e hostil, onde o código gelatinoso das leis se orienta mais pelo tilintar das moedas do que pela boa aplicação do direito.

Nessa terra de ninguém, onde os interesses econômicos se amancebam com a impunidade e a corrupção, é que trafega a narrativa romanesca de Cartaxo, em sua denúncia social sobre os crimes cometidos no rastro do destrambelhado processo de ocupação da Amazônia promovido pelos governos militares, a partir de 1964. Com um texto claro e contundente, despojado de arabescos literários, mas com sabor de romance, o autor nos conduz pela trilha de esperanças que João Canuto percorreu, do interior de Goiás ao Sul do Pará, onde seus sonhos foram enterrados junto com ele.

O tom romanesco que perpassa as páginas do livro, onde a mistura de jornalismo e literatura tem o compromisso de realçar a denúncia das misérias do campo, não compromete o caráter documental da obra; ao contrário, imprime ao relato de Cartaxo extraordinária dimensão humana, sem que ele se deixe contaminar pela criação de heróis bem construídos, criados ou revelados em narrativas semelhantes, como é comum no gênero. Os personagens que recolheu entre as muitas desgraças que povoam Rio Maria foram reconstituídos com alma, carne e ossos, sem que o autor lhe conferisse uma aura que os singularizasse como “seres excepcionais”. Cartaxo não forjou mitos – ele fala apenas de homens e mulheres, gente pobre do campo que não se curvou diante da opressão e do arbítrio. Com a precisão e a clareza de uma aula de anatomia, ele expôs as misérias e grandezas de uma família de camponeses que se transforma num exemplo de resistência diante da espoliação dos fazendeiros da região.

Em sua maioria representantes de uma burguesia emergente e arrogante, vinda de outros lugares, os grandes proprietários não suportam a coragem, a determinação e a altivez dos Canuto – João, a mulher Geraldina e os filhos ainda adolescentes. Acusado de invadir fazendas, quase todas latifúndios improdutivos, em companhia de posseiros expulsos de outras roças, Canuto atrai o ódio dos novos ricos empenhados em aumentar seu patrimônio a qualquer preço na floresta amazônica. Em Rio Maria, havia ainda outro bom motivo para que essa oligarquia moderna, “cria da ditadura militar”, detestasse a presença de Canuto naquele lugar: ele era também um dos mais ativos militantes do PC do B na região.

Numa tarde escaldante de dezembro de 1985, João Canuto foi tocaiado e morto por dois pistoleiros de aluguel com 14 tiros à queima roupa, um deles na cabeça, um pouco acima da sobrancelha direita. Foi morto na rua, para que todos vissem. A multidão compungida, que acompanhou seu corpo pelas ruas, entoava hinos religiosos e cantava a música Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré. Canuto foi enterrado no novo cemitério de Rio Maria, onde a maioria das covas abriga centenas de posseiros, vítimas como ele, da violência no campo.

A cena do enterro é uma das páginas mais comoventes do livro. Nas faixas que seguiam à frente do cortejo, lia-se uma palavra de ordem: “Reforma Agrária, Já!” Na floresta de estandartes e galhardetes, que seguia o caixão, viam-se bandeiras do PC do B e do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Rio Maria.

O fazendeiro mandante do crime foi solto através de habeas corpus. Os assassinos foram também contemplados com o mesmo benefício. Libertado, o mandante deixou a região, cumpriu breve exílio voluntário em Goiás, e quando o caso esfriou, retornou a seus afazeres, no Sul do Pará.

O Processo foi engavetado e ninguém foi condenado. A família Canuto ainda perdera mais dois filhos, executados a mando do latifúndio. Em 93, permaneci dez dias em Rio Maria produzindo um Globo Repórter. Então, pude entender porque a violência e a impunidade se apossaram daquela região.

O livro de Cartaxo é um comovente libelo contra a barbárie no campo.

* Jornalista, foi apresentador do programa “Linha Direta” da Rede Globo, e escritor, autor de “As Noites das Grandes Fogueiras – Uma História da Coluna Prestes”, entre outras obras. Atualmente está da Tv Record.

Resenha publicada na Revista “Saber” , Ano I – Nº 3, julho/agosto 2001, p. 31.   

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

O Estrangeiro e a Cidade

Carlos Cartaxo

“The Stranger and the City", O Estrangeiro e a Cidade é a performance que apresentamos essa semana em Framingham, Massachusetts, nos Estados Unidos da América. Framingham é uma cidade que tem em torno de vinte e cinco mil brasileiros; realidade brasileira com vitórias e fracassos no contexto real norte-americano. É claro que, nesse quadro, muitas personagens se tornam marcantes porque trazem consigo a cultura brasileira, inclusive regional, de desbravamento e resistência e, em alguns casos, de analfabetismo funcional que forçosamente tem que se adaptar, viver e conviver com outra realidade, na maioria das vezes, difícil, dura e árdua.

Foto; Zoe Salvucci

Então, o que faz uma pessoa que trabalha com arte, educação e comunicação no Brasil, sair de sua casa, sua zona de conforto, em pleno verão, para desbravar horizontes e tentar descobrir novos sentidos, olhares e sentimentos?
Essa questão não tem resposta pronta; só sei que essa não é a primeira vez. Em 2011 saí para trabalhar com teatro, por dois meses, em Luanda, angola. Foi uma experiência ímpar tendo em vista a gana, o talento e determinação dos irmãos e irmãs, atores e atrizes, angolano/as. Em 2015 levei para Portugal e Holanda o monólogo “Anayde Beiriz – história a ser contada” produzido pela ADUFPB e o Suspensório Produções Artísticas e agora vim fortalecer o projeto “Babel Theater Project” que montou a performance “O Estrangeiro e a Cidade” em Framingham, Massachusetts.
Foi com o ímpeto de desbravador, pesquisador que não tem medo de ir à busca de novas informações, que deixei minhas férias de verão em Parahyba para vir pesquisar sobre histórias de vidas de brasileiros nos Estados Unidos da América. Os contatos me levaram ao grupo que construiu a experiência de “O Estrangeiro e a Cidade”, cujo tema também aborda a realidade dos brasileiros nos Estados Unidos. Fui convidado para trabalhar na performance e não relutei, abracei a oportunidade de imediato.

Foto; Zoe Salvucci

A vida cotidiana dos brasileiros emigrantes nos Estados Unidos da América não é muito diferente do que acontece no restante do mundo. Há as dificuldades objetivas: trabalho, idioma, moradia, alimentação, saúde, mobilidade, formação técnica ou acadêmica etc; mas há as dificuldades subjetivas: cultura, valores morais e éticos, religião, normas e leis, educação, segurança etc. Então, a conhecida “American way of life”, a maneira, estilo e jeito norte-americano de ser, não é tão óbvio, nem fácil de viver como se imagina. Esses fatores, que muitas vezes, são comportamentais, além de culturais, se tornam muros a serem escalados de forma correta e precisa, o que não é tão fácil o quanto se pensa ser.
Os problemas que aparecem no contexto de emigração são tantas que preocupam as autoridades e as pessoas mais conscientes e preparadas que fazem parte do processo. Essa é a questão central de “O Estrangeiro e a Cidade”. O texto foi escrito por brasileiros e brasileiras que residem nos Estados Unidos da América. De fato são relatos de experiências vividas que se transformaram em literatura. Dirigido por Ana Cândido e interpretada por artistas brasileiro/as que vivem nos EUA. Eu sou a exceção que não mora na América do Norte, mas na América do Sul.
O processo começou com logo na minha chegada a Boston pela manhã do dia 07 de dezembro. Manhã muito fria, dois graus negativos e a cidade tomada de neve. Às 14 horas me agrupei com a equipe, que já estudava o texto, e iniciamos o trabalho. Para minha surpresa encontrei um grupo extremamente qualificado; um elenco repleto de talentos.
O texto, escrito a várias mãos, é rico por ir do drama denso ao humor. O principal valor está nas personagens que de reais se tornaram ficcionais. O espetáculo é itinerante; inicia no Sofá Café, ponto de encontro para se tomar um bom café com tapioca e, apesar do frio, sai em caminhada pelo centro de Framingham para a escadaria da prefeitura da cidade onde há a cena do casamento. Em seguida segue para um prédio de escritório onde há cenas na escadaria, no “hall” central e em uma sala, a cena da imigração. Retornando, em seguida, para o Sofá Café, onde acontecem as cenas finais. São 120 minutos de emoção!
— “Meu amigo você está furando a fila”. — A fala do prólogo já inicia com uma reflexão sobre ética e respeito. Nos EUA, muitos emigrantes agem com a formação cultural própria e, muitas vezes, sem o mínimo conhecimento sobre ética e, consequentemente, valores como respeito e solidariedade. Isso tem causado um descompasso com a realidade cultural do país. No final dessa cena inicial há uma fala densa — “Ô, rapaz, você é um trapaceiro mesmo. Por que você não volta para lá de onde você veio?” —. Entra uma personagem feminina para esclarecer a situação. — “Calma pessoal, o que é isso? Ficaram loucos, é? Vamos lembrar que somos da mesma terra. Somos brasileiros, estamos aqui juntos. Viemos por um motivo. Estamos nessa juntos. Eu, por exemplo, vim aqui porque quero uma vida melhor para mim e minha família.”

Foto; Zoe Salvucci

Há personagens que narram à saga de sair do Brasil e chegar à terra de Tio Sam. Descrevem os sonhos de: chegar aos Estados Unidos da América, aprender o idioma, ter o Green Card, abrir uma empresa, ser rico e ser feliz. A felicidade é tratada como sendo a materialidade da vida. Essa concepção leva a equívocos como “o jeitinho brasileiro” que rompe com valores como ética e respeito. Esse comportamento é real, inclusive, sobrevive com base em atitudes como ter que derrubar o outro para se “dar bem”.
Em contrapartida a esse comportamento cultural refutado, há as personagens que trabalham com afinco em serviços diversos, doze, quatorze horas por dia, sem direitos trabalhistas, férias, seguro saúde, etc., de segunda a segunda. As cenas de ausência da família e de trabalho escravo, como “au pair”, emocionam porque tratam de questões que vêm de experiências reais; situações que envolvem até suicídio. Há brasileiros que se passam por médicos e exercem a profissão de forma irregular, inclusive provocando a morte de pacientes conterrâneas.   
O Estrangeiro e a cidade é um espetáculo itinerante em Framingham, EUA, com texto de: Eduardo de Oliveira, Heloísa Galvão, Jaime Zimmer, Júlia Aldana, Júlia Jannuzze, Luciana Castrillo,  Luiz Madrid, Poeta Imigrante, Ninho dos Santos, Rossane Correa e Talisgean Beknap; com adaptação de texto e direção de Ana Cândida Carneiro. O elenco é formado pelos intérpetres: Carlos Cartaxo, Catarina Costa, Lucas Laguardia, Luiz Madrid, Pedro Natividade, Pedro Teixeira, Renata da Costa, Sâmia Costa e Simoneide Almeida. A ficha técnica é composta por: Sábato Visconti na Programação Visual (Filtro de realidade aumentada); Pedro Teixeira: voz e violão; Jamie Canaan e Júlia Aldana, na iluminação e áudio; Assistente de produção e realização: Brian English.


A diretora Ana Cândido Carneiro conseguiu reunir um elenco excepcional de brasileiro/as que moram nos EUA. A exceção sou eu que estou de passagem realizando uma pesquisa em Massachusetts sobre “histórias de vidas de brasileiro/as nos EUA”. Na sua página no Facebook Ana expressou sober seu trabalho: “I would like to thank everybody that made "The Stranger and the City" possible: the writers, the actors, the whole production crew, friends and supporters, and the audience that showed up and was ready to go on this "urban theatrical trip" about immigration, and the sponsors - Mass Cultural Council and Consulado-Geral do Brasil em Boston. It was very moving to see the impact of this work on everybody. And this is just the beginning...” “Agradeço a todos os que fizeram com que "O Estrangeiro e a Cidade" fosse possível: escritores, atores, toda a equipe de produção, amigos, e a plateia que embarcou conosco nessa viagem urbana sobre experiências de imigração. Foi muito comovedor ver o impacto deste trabalho na plateia e nos participantes. E pensem que é só o começo... Grande abraço a todos.”



quarta-feira, 5 de junho de 2019

A indulgência como conexão entre o amor e o ódio

A indulgência como conexão entre o amor e o ódio

Carlos Cartaxo

Os museus dizem muito sobre a humanidade, por isso estou sempre me reportando aos museus como instituições formadoras que merecem todo nosso respeito e admiração. Recentemente tive a oportunidade de visitar o Museu da Memória e dos Direitos Humanos em Santiago, no Chile, aberto ao publico em 2010 com o objetivo de documentar os abusos cometidos pelo golpe militar e pela ditadura sangrenta de Augusto Pinochet, que de 1973 a 1990, portanto durante 17 anos, matou mais de três mil pessoas, além de muitos desaparecidos, instituindo o terrorismo do Estado.

O Museu me deixou surpreso, ao mesmo tempo alegre, porque através dele descobri o quanto o povo chileno tem uma formação humana que valoriza a vida e a democracia como bem infinito da humanidade. É claro que no Chile, assim como no Brasil, há seguimentos sociais estúpidos que defendem o terrorismo do Estado e, como consequência, contestam até hoje o papel do Museu. Não obstante essa corrente autoritária, lá como cá, predomina o pensamento plural e democrático. Quando o Museu chileno foi atacado ideologicamente, houve de imediato uma reação social. Essa formação politizada dos chilenos, em torno da justiça e da democracia, justificou o ato massivo de apoio ao Museu, e de desagravo às declarações estapafúrdias do ex-ministro Mauricio Rojas. Milhares de pessoas foram às ruas comparecer a um evento convocado por artistas e organizações de direitos humanos na capital chilena em apoio ao Museu da Memória e dos Direitos Humanos.
Ao adentrar e cruzar os painéis expostos com as arbitrariedades e carnificina dos militares no dito Museu, muitas questões suscitaram na minha consciência de pai, escritor e pesquisador. A principal foi: o que leva uma pessoa a alimentar o ódio até mesmo quando devia regar o amor?
Painel com fotos dos mortos pela ditadura chilena. Há espaços em branco sinalizando os desaparecidos 
Foto: Carlos Cartaxo
A ditadura no Brasil acusou, prendeu, torturou e matou sem limites crianças, religiosos, mães de família, gente inocente, assim como militantes políticos. O mesmo aconteceu no Chile, da mesma forma que em todas as ditaduras pelo mundo a fora. A diferença marcante, e odiada por alguns, é que todas essas histórias horripilantes têm registros históricos incontestáveis. Portanto esses fatos documentais estão expostos no Museu da Memória e dos Direitos Humanos, que é a instituição que tornou publicou essa realidade dura e crua. Como forma de preserva a memória da história do seu povo, o Chile não deixa por menos e denuncia as atrocidades que os militares e o capital internacional fizeram no país.
E no Brasil? Aqui, infelizmente, há milhares de pessoas que ainda defendem esse procedimento violento, rastro deixado pela ditadura militar! É inacreditável, mas é um fato. Nesses casos de atrocidades contra o ser humano, a indulgência se faz necessária. Essas criaturas desinformadas, ignorantes, doutrinadas ao individualismo, precisam ser reeducadas para pensar no próximo, na cultura da paz e do bem. No livro O evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, no final do capítulo que fala sobre a indulgência, há uma citação de São Luís que diz: “Se as imperfeições de uma pessoa não prejudicam senão a ela mesma, não há jamais utilidade em fazer conhecê-las, mas se podem causar prejuízos a outros, é preciso preferir o interesse da maioria ao interesse de um só. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, porque vale mais que um homem caia, do que vários se tornarem enganados ou suas vítimas.” (KARDEC, 2016, p. 108). Essa afirmação possibilita várias interpretações; contudo, quando se trata da violência e degradação da vida humana, museus e outros equipamentos e instrumentos culturais, políticos e sociais devem trazer a tona esse debate pela sua significativa importância.
A falta de leitura leva muita gente a um grau de alienação grave e, por conseguinte, defender o desrespeito ao ser humano, chegando a defender atrocidades como sendo procedimentos legais. Qualquer cidadão que tenha o mínimo de sensibilidade, educação, informação, conhecimento e bom senso, sabe que qualquer regime militar é uma imposição política arbitrária e equivocada para as nações que prezam pela democracia. No Chile, assim como no Brasil, também houve violência, arbitrariedades e rompimento com a democracia e os direitos civis. Por isso o Museu da Memória e dos Direitos Humanos está de porta aberta para desmascarar essas ações político-militares e informar a todos a necessidade da paz e da legalidade no que concerne ao respeito aos direitos civis. Lá, essa questão é tratada com tanta seriedade que o economista Mauricio Rojas foi escolhido do presidente do Chile , Sebastián Piñera, como ministro da Cultura, todavia, anteriormente, tinha criticado o Museu de Direitos Humanos questionando sua importância, logo sua validade, inclusive acusando-o de manipular a história; não deu outra, políticos e artistas exigiram sua renúncia, o que de fato aconteceu três dias depois de tomar posse como ministro da cultura.

O Museu se mostra claro quanto à certeza de que as ditaduras e o quadro político na America Latina têm semelhanças e que estas não são meras coincidências.  Em recente matéria, o Correio do Povo, de Porto Alegre, Brasil, publicou a matéria “Museu da Memória e dos Direitos Humanos alerta necessidade de relembrar passado”. Nesse artigo, o diretor do Museu Francisco Estévez fez uma interpelação à política na América Latina. Ele lembra que 40 mil pessoas foram vítimas das agruras da ditadura militar chilena. Como citado acima, o Museu da Memória e dos Direitos Humanos chileno também é vítima de ataques por parte de correntes políticas de direita que tenta justificar o injustificável, no caso, as atrocidades dos militares. Felizmente há aqueles que defendem o Museu como um espaço que mantém acesa a chama da democracia, fazendo com que nunca mais ditaduras instalem a violência exercida do Estado nos países que têm a democracia como forma política de governo.

Para o Correio do Povo, Francisco Estévez, afirmou que “É importante educar em uma nova cultura de respeito, de bom trato, da ética dos direitos humanos, recordando o que aconteceu, mas ajudando as pessoas a refletirem sobre o que está acontecendo agora com esses temas, com nossos indígenas, com os temas de gênero, da migração, entre outros”.

Alguns seguimentos religiosos pautados apenas na leitura da bíblia e na doutrina do pensamento único e uniforme se tornam sectários com base na ignorância. Esses milhões de religiosos não sabem decodificar o sentido humano para indulgência, assim como não sabem a conexão existente entre ódio e amor. Por amor a um Deus, que eles também não compreendem quem é, disseminam o ódio como se fosse o amor. Dessa forma alimentam a cultura do agrotóxico, do desmatamento, do extermínio de pobres, negros e índios, da exploração do trabalho humano, entre outros dissabores e desamores. Dentro das próprias igrejas disseminam a tese “pura” da divindade a um Deus que eles não têm noção de quem é porque o Deus bondoso, que a grande maioria devota a fé, só reside no amor.

Diante desses equívocos, haja indulgência para transformar o ódio em amor; o que me leva a concluir que ações positivas urgem! Então a educação, leitura, visitas a museus entre outros procedimentos que alimentem a sensibilidade humana à cultura da verdade, são caminhos transformadores que podem facilitar a conexão que deve converter o ódio em amor.

 

Referências

CORREIO DO POVO. Museu da Memória e dos Direitos Humanos alerta necessidade de relembrar passado. Porto Alegre, 29 de maio de 2019.

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o Espiritismo. Araras, SP, IDE, 2016.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Romualdo Palhano, escritor, diretor e ator teatral.

Romualdo Palhano, escritor, diretor e ator teatral

O ensino do teatro, e das artes de modo geral, deve reconhecer o trabalho de profissionais que há décadas contribuem para essa área do conhecimento. Inicio 2016 falando do professor, escritor diretor e ator teatral Romualdo Palhano, doutor em “Ciências Sobre Arte – História, Teoria e Crítica do Teatro”, pelo Instituto Superior de Arte, da cidade de Havana – Cuba e membro fundador do Suspensório Produções Artísticas. Atualmente é professor no Colegiado de Artes da Universidade Federal do Amapá.

Palhano iniciou suas atividades culturais em Itabaiana, Paraíba,  onde escreveu suas primeiras poesias, sob forte influência da literatura de cordel. Foi no GETI – Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana que ele iniciou sua atuação no universo teatral.
Desde 1994 Palhano que está na Amazônia, iniciou sua residência em Belém, onde exerceu atividades profissionais no Núcleo Pedagógico Integrado da Universidade Federal do Pará. Posteriormente, em 1995, fixou residência no Estado do Amapá onde é professor na UNIFAP - Universidade Federal do Amapá.
Palhano como ator na peça teatral "Acalanto de Joana, a louca" de Fernando silveira com direção de Carlos Cartaxo e montagem do Suspensório Produções Artísticas
Em 1988 publicou “Grito Incontido”, seu primeiro livro de poesias. Escreveu para diversos jornais na Paraíba e no Amapá. “A Estrela e a Rã” – 1998, primeiro livro de literatura infanto-juvenil do Estado do Amapá, é de sua autoria. Entre janeiro e fevereiro de 2002 ofereceu à comunidade amapaense as seguintes obras: “Teatro de Bonecos: uma alternativa para o ensino fundamental na Amazônia”, e “Brincando com Linhas”. É escritor, poeta, ator, encenador, pesquisador e educador.


Em  2010 lançou o livro “A Saga de Altimar Pimentel e o Teatro Experimental de Cabedelo” – Pretende lançar , o livro “História do Teatro em Itabaiana”.  Em 2011 o autor publicou as seguintes obras: “O Teatro na Terra de Zé da Luz – Da União Dramática ao GETI”, “A O vellha malhada (infantil) e "Artes Cênicas no Amapá"Em 2012 lançou o livro “Eu e a Rainha do Vale – de menino a rapazinho”.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Última temporada de Anayde Beiriz em 2015

O espetáculo "Anayde Beiriz - história a ser contada" solo cênico de Georgina Furtado com texto de José Flávio Silva e direção de Carlos Cartaxo fará sua última apresentação gratuita na próxima quinta-feira de 02 de outubro de 2015, às 19 horas, no auditório da Fundação Cultural de João Pessoa - FUNJOPE no centro da capital paraibana, Brasil.

Essa é a décima montagem do Suspensório Produções Artísticas e tem patrocínio do FMC - Fundo Municipal de Cultura da cidade de João Pessoa.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Montagens do Suspensório

O Suspensório Produções Artísticas, nos seus 31 anos de existência, montou 10 espetáculos. O último foi "Anayde Beiriz - história a ser contada", solo cênico com Georgina Furtado e direção de Carlos Cartaxo.



ESPETÁCULOS  MONTADOS
  1. O Palhaço e o Rei, texto infantil de Marcos Pequeno. 1984
  2. O Sorriso do Palhaço, teatro infantil de Paschoal Lourenço, 1985
  3. A Carne é Fraca, teatro de Revista de Carlos Cartaxo e Marcos Dias Novo, 1985.
  4. Acalanto de Joana Louca, tragédia de Fernando Silveira, 1985.
  5. O Espigão Gaiato, teatro de rua, texto de Carlos Cartaxo, 1986.
  6. O Tico-Tico Cantador, texto infantil de Carlos Cartaxo, 1887.
  7. Brasil Caboclo, teatro de bonecos, Romualdo Palhano, 1989.
  8. Lisístrata, comédia de Aristófanes, 2005.
  9. Da Exceção à Regra, Adaptação do texto A Exceção e a Regra de Bertolt Brecht, 2006 e 2014.
  10. Anayde Beiriz - história a ser contada de José Flávio Silva, 2014 e 2105.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Suspensório apresenta "Anayde Beiriz" em Amsterdã

Em turnê pela Europa, o espetáculo Anayde Beiriz – história a ser contada, que no momento se encontra em Portugal, se apresentará gratuitamente em Amsterdã, Holanda.
No dia 20 de julho às 15 horas na igreja Parochie RK Amstelland Amstelvenseweg  965, 1081 JG Amsterdam/Buitenveldert



No dia 21 de julho às 20 horas no Teatro Munganga, Casa | Busganga Schinkelhavenstraat 27 hs 1075 VP Amsterdam zaal open: 15 min voor aanvang.



"Anayde Beiriz – história a ser contada" é uma peça teatral interpretada pela atriz e bailarina Georgina Furtado com direção de Carlos Cartaxo. O texto, em Português, fala de uma Anayde professora, intelectual, leitora, apaixonada e moderna, que na década de 20, século XX, a fazia uma mulher a frente do seu tempo em Parahyba, Nordeste do Brasil.
A peça aborda a troca de correspondência entre Anayde e o homem que foi verdadeiramente seu grande amor, o estudante de medicina Heriberto Paiva. O texto tem como fonte de pesquisa o próprio diário de Anayde, intitulado "Cartas do meu grande amor - Dolorosas reminiscências do sonho desfeito da minha mocidade". Anayde foi o pivô (um “instrumento” usado) na Revolução de 30 no Brasil. Infelizmente, o filme “Parahyba mulher macho” da cineasta Tizuka Yamazaki difamou Anayde mostrando-a como vulgar, o que não corresponde a mulher corajosa, independente e culta que foi e é tratada na montagem do Suspensório Produções Artística.
Com esse trabalho o grupo Suspensório Produções Artísticas trás à cena uma história que precisa ser contada reparando as calúnias que foram imputadas a Anayde Beiriz, grande intelectual de sua époa.

Ficha Técnica
Texto: José Flávio silva
Direção e iluminação: Carlos Cartaxo
Interpretação: Georgina Furtado Franca
Assistente de direção e sonoplastia: Aldair Estolano
Direção vocal: Fátima França
Pesquisa de som: Carmélio Reinaldo
Pesquisa de figurino: Marta Cordeiro
Consultoria de gênero: Marisa Pinheiro
Arte Gráfica: Ricardo Meios de Produção
Montagem do Suspensório Produções Artísticas
Patrocínio FMC – Fundo Municipal de Cultura, Funjope e PMJP
Agradecimentos: ADUFPB, CCTA/UFPB e Natural Cotton Color.